Como usar as comparações para ajudar a entender o Tarô
Confesso que nunca fui muito fã do estudo comparativo entre baralhos para aprender tarô. Considerando uma pessoa iniciante, acho que, simplesmente pegar um Smith-Waite e por suas cartas em comparação direta com o tarô de Thoth, por exemplo, sem um pré-conhecimento do contexto de criação de cada um desses baralhos, pode, muitas vezes, confundir mais do que ajudar. É a questão clássica: às vezes estamos comparando baralhos que seguem escolas teóricas diferentes, em outros casos, não entendemos que determinado baralho pode ser se inspirado em um terceiro baralho, etc. É muita informação, e eu acho que, pelo menos no início, devemos diminuir ao máximo a teia de aranha, senão a gente fica igual a Nossa Senhora Desatadora de Nós, sem conseguir focar em nada porque precisamos resolver um monte de mistérios.
O estudo comparativo, porém, pode ser muito bem aplicado dentro da estrutura de um próprio baralho. Esse estudo pode nos ajuda a entender como usar as tais das palavras-chaves. Quando entendemos que as palavras-chaves não são os significados das cartas, mas sim âncoras de memória que devem estimular nosso pensamento, e não resumi-lo, aí temos uma potência incrível para a otimização de nossa leitura.
Um exemplo bem simples é pegar a palavra transformação. Essa palavra é complicada, porque é extremamente genérica, sem sal. Transformação, sozinha, pode aparecer em muitos arcanos: roda da fortuna, morte, torre, julgamento, blá, blá, blá… O mesmo vai acontecer com outros clichês esotéricos: fertilidade, energia, conquista.
Mas, então, o que podemos fazer? Uma dica que eu acho extremamente valiosa é, em primeiro lugar, separar os conceitos-chaves mais genéricos e comuns que vão aparecer no tarô: vitória, energia, transmutação, finalização, desastre, enfim. Então, pensar em quais arcanos podem caber dentro disso.
Aí entra a segunda questão: qual é a peculiaridade de cada uma dessas cartas? Ok, o Mago e o Carro falam de agilidade, mas o que o Mago tem que o Carro não tem? No que eles se diferenciam, e no que eles se igualam? Às vezes uma carta é mudança + tragédia, enquanto outra é mudança + vitória. Coloque as cartas em diversos contextos. Imagine elas como pessoas, como fetiches sexuais, como profissões, partes do corpo, etc. Esse exercício vai te ajudar muito, pode confiar. :)
Julio Soares