Olá. Seja bem-vindo(a/e) à newsletter do Fortuna Arcana. Aqui, numa média (uma média mesmo, nada de cobranças e prazos apertados comigo, rs) de três em três meses, farei algum tipo de reflexão sobre o tarô, ou, então, como é o caso do texto presente, alguma previsão ou aconselhamento - além de falar um pouco sobre os meus serviços.
Antes de começar, é importante lembrar que este é um jogo geral, pensado para um público maior - e não tem a pretensão e, muito menos, a capacidade de substituir uma leitura feita exclusivamente para você. Por mais que sim, você possa se sentir contemplado(a/e) pela leitura, é importante que lembre que existem pormenores da sua vida que são somente seus, e que devem ser vistos com jogos feitos exclusivamente para você. Neste caso, o ideal é sempre marcar uma leitura de tarô com um profissional. Caso você tenha interesse em fazer uma leitura comigo, mande-me um email para fortunaarcana@gmail.com
Este é um jogo feito para os próximos trinta dias.
Domingo, acordei com um torcicolo horrível. Passei o dia meio travado, meio na diagonal. Fiquei imprestável o dia inteiro, o que atrapalhou muito a minha rotina. Tomei remédios, virei uma múmia de salompas, e fui dormir. Ontem, acordei pior. Não tive saída, precisei marcar uma massagem. Eu não gosto que toquem em mim, em geral. A massagem foi horrível, em muitas maneiras, pois, à medida em que os diversos músculos iam sendo realocados e remexidos, eu percebia tudo que doía no meu corpo de maneira que era impossível ignorar. Dores que se alocaram em mim há tempos foram revividas, e eu, teimoso que sou, só me acostumei a viver com elas. Saí melhor da sessão, claro, mas foi interessante pensar em como eu tive que sentir algumas dores para poder me aliviar delas. Chegando em casa, pensei em tirar esse jogo, e achei tão interessante.
O cinco de paus, na escola francesa, é uma carta que fala de cansaço, luta, todos os significados clássicos da escola inglesa mas, com um toque específico: aqui, essa implosão típica do arcano serve para que a tensão do quatro de paus seja quebrada. O quatro de paus preserva as situações em um estado de tensão potencial: nos preparamos para o pior sempre e, então, ficamos em um estado defensivo o tempo inteiro, nos tornando quase uma armadura de pedra. No cinco de paus, somos derrubados, mas voltamos à nos movimentar - saímos tal como o Louco, em maltrapilhos, prontos para novos inícios e novos machucados. Um estado exagerado de defensiva só pode nos levar para um equivalente contrário: a nudez completa, a exposição e a sensibilidade que faz tudo doer. Somos tão frágeis na tentativa de nos protegermos. Então, é importante prestar atenção nos excessos de tensão e na forma como isso causa implosões em nossa vida. Pode ser um torcicolo, uma briga, uma noite ínsone, há tantas maneiras que a tensão vai encontrar uma válvula de escape para nos tirar de nossas armaduras inúteis. Para resolver a dicotomia entre a tensão extrema e a fragilidade, entra o Mago. Valentim Tomberg, em seu clássico “Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô”, fala do mago como aquele que “age com espontaneidade perfeita”, e que nos ensina que devemos aprender a “concentração sem esforço”.
A verdadeira concentração é ato livre na luz e na paz e pressupõe vontade desinteressada e desapegada. […] É, pois, inútil o esforço para se concentrar, se a vontade está tomada por outra coisa. (TOMBERG, p. 26)
O Louco não consegue atingir o estado de leveza que tanto se fala, pois a própria ideia de leveza requer uma “concentração sem esforço”, um ponto de referência do qual poderemos desapegar. Este arcano, porém, não fala do desapego, mas da negligência, tornando-se vazio e tolo. Por isso, ele vai em direção ao Mago, pois ele precisa de um ofício que lhe dê a possibilidade de ser leve, que lhe dê uma referência a partir da qual construir uma nova agilidade. Por isso, é importante que tenhamos nossas atividades que exijam espontaneidade perfeita, sem planejamentos, mas, não por isso, desleixadas. É preciso nomear as dores para que elas possam passar, para que sirvam ao seu propósito sem se grudar em nossas armaduras.
A leitura acima foi feita usando a lineariedade do jogo. Eu uso muito as leituras lineares, que são maneiras de ver a narrativa por trás do conjunto de cartas - que serão formadas não apenas pela imagem, como também pelos conceitos que podemos ver em teorias como a teoria dos encontros.
Nos meus cursos, especialmente de menores, costumo dar uma atenção especial para as leituras lineares. Agora, vou um passo além, e estou abrindo uma turma exclusiva de leitura linear, a imersão em leitura linear do Fortuna Arcana.
Serão cinco aulas de 1h30, nas terças às 19h30, onde vamos estudar a teoria dos encontros e suas aplicações, a leitura direcional e os modelos lineares, aplicando isso em diversos baralhos, com muita prática de jogo.
As aulas começam dia 16/8 e vão até dia 13/9, e ficarão gravadas para quem não puder assistir tudo ao vivo.
O curso está custando 250 reais, que podem ser parcelados em até 10x sem juros no cartão.